Eu não sou a primeira a falar sobre isso e não terá nada de novo aqui se você já passou dos 35.
A Clínica Psicanalítica do vazio foi uma das psico heranças mais herdadas pela geração Y. Nossas músicas falavam do vazio, os comerciais dos produtos na TV vendiam o preenchimento desse vazio, nossas redações na escola e nossos poetas, escreveram esse vazio e esse vazio era cheio por estar em toda parte e esse vazio matou nossos ídolos.

Suicídios e overdoses que buscavam preencher esse vazio. Psicoterapia para “se encontrar” porque a vida era vazia. Vazia de objetivos, vazia de vontade, vazia de motivação e vazia de sentido pra viver sem nenhuma identidade.
Psicanálise tem a ver com sociologia sim…(aviso aos z).
Nossos pais (os x ), sofreram o vazio material da classe trabalhadora enquanto as cidades se modernizaram e avenidas, arranha-céus, e rios foram canalizados, e muita dureza pra sustentar a família. O sucesso definitivamente era “ter” e por isso nós tínhamos. Nossos pais compraram coisas para nós. Compravam porque eles não tiveram, compravam porque eles não estavam, não estavam porque não dava tempo de perseguir “o ter” e ao mesmo tempo “estar” em casa enquanto a gente crescia achando que a manteiga nascia ali, dentro da geladeira.
Os sobreviventes da nossa adolescência vazia e chapada tornaram-se adultos sem confiança, sem capacidade de auto estimarem-se, extremamente frágeis, mimados, inseguros, deprimidos e bipolares. E a maioria de nós ainda está na psicoterapia buscando nosso “verdadeiro eu”. São muitas as histórias da nossa geração, sobre pessoas que atingiram o máximo do “ter” e sentiram um vazio tão profundo que largaram tudo, chutaram o pau da barraca e foram viver do que a terra dá. (risos de cinismo nervoso).
Crescemos sem uma “causa” pra lutar e depois dos 30 resolvemos cortar o açúcar, o glúten, a carne, a lactose e compramos uma bicicleta na qual não pedalamos e tentamos ser minimalistas para acreditar que assim finalmente estaremos dando a nossa contribuição e exemplo para um “mundo melhor”. Como foi que entendemos que tirar coisas era a melhor forma de preencher nosso vazio?
Somos egoístas demais para responder essas pergunta sem fazer análise. E ainda entregamos de presente os transtornos de ansiedade para os nossos filhos. (Spoiler do próximo post: Ansiedade e a Geração Z).
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